sábado, 29 de março de 2008

Hoje à noite...

Em um tempo que não se tem certeza,
Em lugar muito bem conhecido até então.
Num amargo eterno dessa boca,
Num sentimento de repulsa alheio.

Nada sei desse tempo e do outro
Do que vivo agora ou do que há algum tempo vivi.
Não sei do cheiro dessa cama que não há de mudar jamais.
Não sei do meu cheiro que aqui por muito não estará.

Sei de minhas palavras inertes,
As mesmas daquela que hoje andou pelas ruas,
Daquela que não chorou nem sorriu, só pensou em palavras.
Palavras que por tudo não são lembradas.

Não são e não serão.
Talvez tudo se torne algum escrito triste após todas as críticas,
Ou talvez depois disso se tornem algo lindo.
Escrever é sempre o propósito, de qualquer sentimento aqui.

Veremos que nem todos os versos terão as mesmas sílabas.
Que nem todos os momentos terão o mesmo realismo,
Que nem todos os sentimentos serão como antes.
E que a mesma cama, talvez já não seja a mesma.

terça-feira, 25 de março de 2008

Pensamentos em Luz...

Por que será que escrevo???
Às vezes tento tanto escrever por que me reconheço na minha letra, e parece que tenho um diálogo comigo, com alguém aqui que ainda não conheço tão bem quanto eu queria.
Sempre, ou quase, escrevo enquanto estou na cama, e penso que meus momentos mais reflexivos e introspectivos são antes de dormir, talvez por que nesse momento há o silêncio necessário para escutar essa voz que ecoa dentro de mim. Vai ver que escrevendo eu me conheço melhor, e a cada vez que releio percebo algo diferente no que eu mesma escrevi.
A noite vem a tona, ainda mais quando se dormiu a tarde inteira esperando o feriado interminável passar. Quando chega a noite todos meus pensamentos interiores vem ficar junto de mim, todas as dúvidas e momentos que não parecem corretos, mas eu não me arrependo de nada, não é mesmo???
Talvez eu me arrependa de ter vindo para esse lugar onde me encontro, em uma cama que não é minha, mas é como se fosse, e que lembra minha infância. A cama que meu avô mandou fazer para colocar no quarto de hóspedes da casa dele. Minha avó já se mudou três vezes, mas todas as casas se parecem com ele, os chinelos ainda estão no guarda-roupas à sua espera, o espelho onde ele se barbeava ainda está na parede da varanda. Penso que por tudo isso não gosto tanto de vir pra cá, pois quando estou longe ainda tenha a idéia de que ele ainda mora aqui, e quando eu chego não tem mais quem me pegue no colo. Há algum tempo descobri que eu fui uma das grandes paixões do meu avô, e da minha avó também, mas para ele eu nunca vou poder escrever carta alguma dizendo o quanto eu sinto por ter sido arrancada de seus braços, e o quanto eu o amei mesmo assim.
Agora sinto-me mais em casa, desde que essa cama chegou há uns 13 anos o crucifixo mais lindo que já vi ( e mais antigo) fica ao seu lado pendurado na parede, como um dia eu pedi pra ele que ficasse. Não sou muito religiosa, mas me pareceu estranho lembrar que um dia o crucifixo estará comigo, na sexta-feira da paixão.
Vai ver que eu estou pensando demais...
Melhor ir dormir.

Obs. Isso foi escrito em qualquer pedaço de papel enquanto eu tentava passar o tempo à noite na casa da minha avó, em Luz, na sexta-feira da paixão.

terça-feira, 18 de março de 2008

Pra alguém amar

Triste é não ter alguém pra amar,
Alguém que possa lhe aconchegar,
E em seus braços lhe proteger
E pala boca o amor conhecer.

Não poder ao anoitecer abraçar,
Tampouco abraçados se banhar.
No calar da noite sonhos não ter
Na vida, nada, nem ninguém carecer.

Quem não quer alguém pra lhe amar?
Mesmo que um dia o fizer chorar
Ainda que não o tenha por merecer

Quem diria todos seres amar,
Não eternamente o carinho ter,
Mas uma vez o amor conhecer.


Sonetos de meninas que escrevem após se levantarem da cama de outrem, de nada servem se não para pensar em qualquer besteira que ela possa ter escrito... E talvez nem ela saiba de onde vieram as palavras tolas de mais de um ano atrás... Devem ter vindo de todo seu romantismo oculto em seus cadernos de estudos, lugar onde obviamente ninguém espiaria.Mesmo sendo esse "lugar" uma maneira de publicar idéias e pensamentos, as lembranças de tal menina ainda ficam guardadas no seu íntimo, e tudo que há de melhor em seus cadernos amassados e sujos ainda fica guardado, pois não contém palavras tão românticas, e nem se quer falam de amor. Alguns trazem cenas que bom poderiam ter algum amor em si, mas não tem. E os pensamentos de alguém que acaba de sair da cama são sempre um tanto amorosos e rústicos... Nada que busque a extrema perfeição da língua portuguesa, nada que aclame ser um poeta, mas sim sentimentos soltos, ou qualquer besteira que se pensa ainda na cama... Palavras que se juntam na mente quando seu corpo encontra outro no cheiro de outro lugar que não é o seu.Palavras ficam soltas em nossas mentes todo tempo, mas elas só se juntam em qualquer coisa em inútil quando há um conflito no mesmo local...
Eis aqui todo meu conflito.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Lágrimas e Raiva

Eu sei que chorei... E na verdade um dos meus maiores prazeres foi ter chorado. Façamos da vida uma novela! Ao menos sobrarão cenas perfeitas para serem lembradas, mesmo quando essa raiva lacerante vem e atormenta. Essa raiva de nunca sabe com quanta clareza disse alguma coisa, e que mesmo assim não será entendida...Não se pode mostrar um mínimo de afeto a alguém? Sinto, mas essa regra que parece-me imposta subjuga qualquer princípio de humanidade que por meus pais foram passados. Carinho de forma alguma significa paixão, ou qualquer coisa nesse sentido.Minha raiva, que chega a arranhar nesse exato momento, é de todas as palavras que não podem ser ditas nem por decreto nesse mundo, onde me encontro prisioneira. Qualquer daquelas podem ser encaradas como uma ofensa, ou um atrevimento qualquer.Sei que aquela cama agora tem meu cheiro, e talvez se eu estivesse nela agora nada seria tão doce quanto o que ficou, nem amargo... Talvez simplesmente fosse inodoro assim como tudo que ignoro agora. Talvez ficasse nos lençois as marcas fixas de minhas unhas, um reflexo do meu corpo tentando tirar todas essas palavras que fariam por bem sair logo, no entanto tudo está preso, mesmo por que não há o menor tempo para isso agora... Eu já saí daquela cama, e por bem não mais voltarei. E todas as palavras que diria agora não são as mesmas que me sufocavam enquanto eu tentava dormir em outros braços que não os meus, e não conseguia. Eu sentia falta da minha cama, e do meu cheiro, por mais que eu tenha chorado, a verdade é essa.Nunca pense que minhas lágrimas são prêmios, e mesmo que fossem, seriam fáceis demais. Não eram por ti, nem por remorso, nem por despedida, todas elas foram pura e simplesmente de medo de voltar pra vida real, onde não existe príncipe, e nem jantares com finais felizes. Eram lágrimas atordoadas, que não sabiam o que aconteceria em seguida, como a vida andaria depois de tantos tropeços, eram ainda de desabafo, por ter me encontrado em algum lugar por aí, junto com meus sorrisos e poemas. Minhas lágrimas tinham todos os motivos que julgo importantes na minha vida, e tinham uma certeza, não eram por ti. Eras um rostinho bonito feito pra fingir de príncipe encantado para meninas do interior, e no final virar o vilão de toda história. Mas a novidade é que a menina soube como lidar, e deixou marcas na sua cama, onde deitaste todas as noites...Eu chorei, e continuo chorando em todas as situações nas quais quero me libertar de algo. Não tenho medo de chorar, e jamais terei. Não tenho medo do drama. Como eu viveria sem um? E não tenho medo de outras camas, nem de outros braços desconfortáveis, nem dos rostos lindos que nada tem a dizer. Não tenho medo dessa raiva engasgada na minha garganta e no meu peito. Eu só tenho medo das palavras...

domingo, 16 de março de 2008

Ai, essas noites que demoram a passar...


Aqui estou... Sentada na minha cama mais uma vez, onde tantas vezes pensei, onde chorei, dormi e sonhei. Aqui nessa mesma cama alguns sonhos se tornaram realidade, e pesadelos chegaram bem perto.
Ainda não sei por que insisto em vir e tentar dormir se sei que mais uma vez eu vou refletir sobre todos os momentos recentes da minha vida, e censurar a mim mesma por algumas coisas que eu sei que não deveriam ter acontecido... O que eu gostaria nesse momento é que todas as promessas, feitas a semanas, no dia de ano novo, se tornassem reais em um passe de mágica, e que não precisasse mais me agoniar por não cumprir o que sempre prometo. Talvez ninguém em sã consciência cumpra tudo que prometeu aos céus que realizaria nesse ano brilhante, que sempre está por vir e nunca chega. Talvez eu devesse prometer que não mais ficaria aqui sentada sonhando acordada, imaginando como tudo poderia ser se eu dissesse alguma coisa diferente, ou pudesse fazer tudo com mais clareza...
No dia em que eu parar de pensar em todas as conseqüências desastrosas de minhas atitudes, deixar todo meu lirismo de lado, eu poderei ter tempo para as coisas reais e necessárias. Talvez eu deixe de perder minhas noites em meus próprios braços, e deixe de perder o tempo em outras camas, que de fato, nunca serão minhas.