terça-feira, 26 de maio de 2009

No Escuro do Mundo


Eu queria ver no escuro do mundo. Alguma esperança qualquer que pudesse me fazer voltar a acreditar que existe alguma salvação, alguma solução, alguma revolução que pudesse mudar todos os horrores que não cessam.

Perdi minha esperança em meio à falta de humanidade da humanidade falida, em meio aos maus sentimentos à falta de escrúpulos que não paro de encontrar exemplos por todo o mundo. A pior tristeza é que ainda não passo de uma “nova adulta”, e já me encontro aqui, como os mesmos, como os nossos pais, essa é minha dor também.

A excessiva utilização do termo “Direitos Humanos” vem me tirando a paz. E eu me pergunto, onde estão os tais direitos Direitos Humanos formulados depois de tantas revoluções e principalmente após a proclamação dos direitos do homem e do cidadão? E nesse nosso mundo quem pode ser considerado um homem ou um cidadão? Talvez o termo homem refira-se ao indivíduo branco, burguês, alfabetizado, e cidadão mesmo são apenas aqueles dos países “desenvolvidos” hipocritamente com suas bases fundadas no trabalho sub escravo que vem de baixo. Daqui de baixo.

Possuem direitos o “animal” que vive nas ruas, nas prisões, ou nas pequenas propriedades rurais? Ou mesmo o trabalhador industrial que ganha 450 reais por mês? Sinto em dizer que não.

Para quem nunca percebeu, toda aquela babaquice dita durante a Revolução Francesa, de igualdade, liberdade e fraternidade, não serviu para nada mais do que para legitimar o surgimento e dominação dos novos ideais da classe dominante nascente, a tal burguesia. Liberdade à propriedade privada, à exploração da mão-de-obra barata, liberdade à retirada de qualquer direito que poderia existir durante a Idade Média, naquela época ao menos cada um poderia ser da sua classe apenas, comer da sua terra com muito custo, e pagar os impostos que já lhe eram conhecidos. Depois as coisas pioraram... Inventaram o tal imperialismo, já que ninguém mais agüentava a idéia de retirar as riquezas apenas do seu próprio país. Vieram guerras, mortes heróicas, tecnologias, que de nada ajudaram em alimentar as bocas que tem fome

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Em 1917 veio a tal Revolução Russa, que nada fez senão corromper as idéias de sonhador de um velhinho barbudo. Que jogou o nome do comunismo na lama, que fez o mundo todo acreditar que sem dúvida o American Way Life era melhor do que a pobreza armada de um país pseudosocialista. Existem, claro, as lendas do processo revolucionário que parecem existir para não retirar completamente as esperanças da juventude, para que ela não se arme, não se revolte, e acredite que ainda há um “jeitinho”, sinto dizer são lendas! Como a lenda da perfeita comuna, onde camponeses dividem a terra igualmente na Rússia, tiram dela o que precisam, todo mundo vive feliz trabalhando coletivamente, com um governo onde cada patriarca podia opinar, onde uma velha assembléia levava bem o governo do tal Estado dentro do Estado. NÃO!


Ninguém se conforma, e os instintos humanos de hipocrisia são muito maiores do que qualquer ideal, e a partir daí surgiram as tais burguesias das terras, homens ambiciosos, que produziam mais, juntavam dinheiro que emprestava sob juros, que ao fim lhes resultava na posse de mais e mais terras, aos poucos as comunas vão se tornando isso, terras da burguesia, burguesia esta que juntamente com a nascente burguesia industrial russa dará um apoio à tal revolução, já que pretendiam derrubar o regime, não colocar um proletariado no poder! Esses caras nem tem direitos, como poderiam fazer parte do governo... As falhas e decadência de tudo isso já conhecemos... Mas a humanidade continua aí. Esperançosa. Pregando o salvamento da camada de ozônio.

Mas como, como ter esperanças frente à nossa história, frente às terras que são cercadas no nosso país por grandes proprietários de terra sem ninguém recorra ao exemplo dos cercamentos ingleses pré revolução industrial. E quando qualquer homem, ou dito animal, na mesma tentativa toma uma terra improdutiva, ilegal, sem o cumprimento da sua tal função da terra, ele recebe acusações em todos setores da mídia, tiros, murros, e é expulso da nossa forma de mundo perfeita, média. Podemos dizer então, que os primeiros, grandes proprietários são homens, que recebem ao tomarem uma nova terra legalização do governo. Enquanto o animal é morto, humilhado, como se sua condição já não lhe fosse o bastante.

Não existem direitos humanos, não existe direito trabalhista, não existe nenhum tipo de esperanças para esses animais. Educação? Qual? Aquela que preconiza o ideal médio de ter uma profissão sem função, com uma vida medíocre de novela global?

Eu queria poder ver nesse escuro, como driblar essa força maior do mundo que gira a favor dos abastados. Que faz com que movimentos populares acabem agindo a favor deles, embora não queira. Queria ver em meio toda a manipulação que não sei mais de onde vem.

Tudo escuro, numa sociedade cega e sem maiores ganas de enxergar, numa sociedade que nem mesmo poderia usar essa palavra. Talvez escuridade, hipocriedade...

Eu queria ver, queria que você pudesse ver, e todos. No meio da nossa escura vida, onde vivemos acreditando que seremos felizes um dia



quinta-feira, 21 de maio de 2009

Estranhamente sem sentido

Queria escrever alguma coisa engraçada, qualquer besteira como as que eu digo aos meus alunos e que fazem-me sentir uma comediante nata. Mas esse estágio da metade do meu mês de maio permite-me apenas transparecer toda minha preocupação e medo que vem pela frente.
Sinto-me cada vez mais sufocada pelos meus próprios passos e pelas palavras próximas que insistem em dizer: “Seu próximo ano será brilhante”, “Você sempre foi tão inteligente”, “Qual lugar você vai ESCOLHER para viver no próximo ano?”. Creio que todos não têm idéia do dano que me causam exercendo pressão sobre meu futuro próximo nada óbvio.
Todas as 24 horas dos meus dias inúteis começam a esmagar os meus sonhos de jovem idealizadora, provocando um furacão dentro de mim que ocasionam as frequentes dores no estômago. Que saudade de quando o futuro não passava de um friozinho na barriga, agora parece que são socos consecutivos e vozes que ecoam do peito gritando: “Você é uma inútil, uma burra e vai se foder em breve!”.
Tudo fica mais estranho a cada dia, mais frio e sem muitos amigos próximos. A cada hora os meses vão passando sem escrúpulos com as minhas palavras e a minha sensibilidade inquestionável. Faço uma desconstrução de todos os valores, algumas coisas perdem o sentido, como escrever nesse lugar largado às moscas. Só o meu medo continua e a fumaça que cobre meus pensamentos.