domingo, 11 de abril de 2010

Agora




Você pediu e eu vou escrever.

Não quero repetir palavras do passado, nem imaginar as que direi no futuro, e isso geralmente não é uma coisa que me ocorre. Escrevo sempre sobre o passado, ou sobre o medo do futuro, mas agora tenho que falar do meu presente, daquele segundo que no mesmo momento em que nasce entra no campo da memória.

O hoje não pode ser compreendido tão facilmente quando o ontem, e não se espera tanto quanto o amanha. Não posso contar a história desse minuto, como você me perguntou ontem como eu contaria essa história e eu respondi que não sei, pois ainda não chegou ao fim, e nós, claro, sempre contamos algo a partir do que já sabemos do fim.

Agora eu tenho medo. Medo do futuro, medo desse instante passar. O agora? Vai muito bem obrigada.
O agora é expectativa, é estudo, felicidade, noites em claro, passeio nas ruas, beijos na tarde de domingo...
O agora é aflição, é uma falta de entendimento do que está acontecendo, no meu corpo, na minha mente, nas minhas ideias pressupostas.
É gosto em ouvir alguma música, é um cantarolar de coisas bestas, é um Coldplay eterno no mesmo ônibus cada dia.
É cheiro no travesseiro, toque da mão, cobertor e vento frio.
É trabalho, desespero, vontade de desistir e encantamento.
É segredo, é mistério, é cochicho ao pé da orelha.

O agora é só o agora, é a insônia com sono que sinto. É a confusão da minha cabeça, a falta de um corpo quente na cama, a mesma na qual dormi sozinha por tanto tempo e depois desses dias não suporto mais.

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