segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Do cobertor e aqueles lençois

Mais uma cama...
Acabei por vir pra esse outro lado do Oceano pra tomar uma chuva que me disse:
Vamos lá... Você pode de novo.
E de tanto acreditar que não podia me deixei levar, assim como quem se leva pelo vento, só o que eu não esperava era que os ventos da Galícia sopram no inverno por até 180 km por hora. E eu que podia fazer diante disso?
Me levei, e ao final da história me sobraram palavras bonitas, e pensamentos melhores.
Em algum dia do outono chuvoso compostelense eu me deixei levar por um desses ventos, e acabei me depertando em uma cama onde eu nem sequer pensava em dormir, onde talvez eu não quisesse estar... Com toda a calma da manhã me deixei levar pelo abraço tenue, pela voz sensilha, e o beijo forte, e de repente BUM, já estava eu ali outra vez... Em mais uma cama.
Não sei como escrever essa porra de história, e a verdade é que quase durmo agora, mas essa voz que não sai do meu ouvido não para... Esse cheiro não sai de mim, e minha reação é não querer que o tempo passe pra eu não dormir....
Eu não sei o que quero escrever, e nem ser que alguém nesse mundo meu me lerá, nem quem eu tinha certeza...
Só queria contar a história dessa cama que não me fez pensar, que não me fez acreditar em nada... Que não me deixou esperando e nem nada...
Só queria contar dessa parte que agora parece estar agarrada a mim, parece me sufocar e me queimar, sem eu querer deixar sair.
Fica aqui, fica aqui dentro... Deixa eu sentir mais um pouco antes que vire fumaça quando chegue a primavera. Antes que eu seja mais uma nessa multidão que não sente nada, que não vê nada...
E eu que sei?
Sei que eu fiquei ali na estação, com uma tristeza que não é tão ruim, nem tão boa. Fiquei ali aguardando o que vem no próximo trem, imaginando ele atravessando o mesmo mar que em breve atravessarei, e mesmo assim, nada sobra. Ya no queda...
E eu voltei na cama, aquela cama, pra pegar os lençois e cobertores, os pedaços de mim ali jogados, pra me despedir da parte que ficou em mim quando eu saia do apartamento... Pra saber que nesses ventos que ainda soprarão por mim, vão passar muitos amigos, e os queridos que jamais verei.... Almas que se tornam lembranças... Sonhos...
Termino pensando que se você um dia vai ler e ficar assustado com a confusão das minhas palavras, é que eu choro um choro confuso...
E pra que você saiba, e só você, eu vou sentir saudade daquela cama, que não estará em nenhuma outro lugar do mundo, nunca mais.

Um comentário:

Constantino Mitsuro Ito disse...

Nos deixar levar... sempre que deixamos a vida acontecer sem tentar interferir no resultados... nos surpreendemos com o final... a vida sempre reserva mais para aqueles que deixam a Felicidade acontecer do que para aqueles que perseguem a Felicidade...