terça-feira, 23 de novembro de 2010

Silêncio





Está chovendo, de novo. E eu aqui parada olhando pela janela um prédio antigo, talvez se eu soubesse mais de arquitetura entenderia melhor os traços do prédio...



Sexta-feira passada, no trabalho, tivemos uma formação sobre comunicação, e além de aprender como ela deveria ser feita com nossos alunos, eu me dei conta de como ela não é feita no mundo, as pessoas não se comunicam nunca! Lendo um texto de Rubem Alves me deparei com a realidade de que as pessoas nunca vivem no silêncio necessário para que possam ouvir outras idéias, ou mesmo aquelas palavras que lhe são ditas, com pressa ou desespero. Não há mais silêncio, e tudo que precisamos muitas vezes é silêncio, para pensar, trabalhar, ou ser ouvido. Como um pianista que precisa de um momento de silêncio para que possa se concentrar no que fará nos próximos minutos.

Vivemos na era da comunicação e ao mesmo tempo nos falta comunicação. Talvez seja por isso que existam tantos blogs como o meu, é quase uma súplica das pessoas que escrevem que alguém nos ouça em silêncio, que possa ouvir somente essas palavras e respeitar os segundos de silêncio posteriores para entender as palavras, as idéias, os porquês.

Tenho praticado o silêncio nas terças e nas quintas, são mais de 12 horas sem comunicação, sem qualquer bom dia, sem trabalho... E acho que talvez isso me enlouqueça, é tempo demais para lidar com minhas próprias idéias, comigo mesma, com meus sonhos e frustrações depois de ter vindo parar na Babilônia.

Sozinha, em silêncio, é só o necessário para repensar, perceber que não há nada de errado, que tudo tem sido exatamente como planejado, como o sonhado.
O problema é que é impossível planejar tudo, e quando algo sai do caminho... Vem um vento rápido e te leva direto para o que realmente queria, e só não sabia até então por que não ficou em silêncio com sua consciência, questionando-a sobre suas reais vontades... E aí o sol saí, o prédio antigo fica novo, e nada mais é cinza...




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