segunda-feira, 17 de março de 2008

Lágrimas e Raiva

Eu sei que chorei... E na verdade um dos meus maiores prazeres foi ter chorado. Façamos da vida uma novela! Ao menos sobrarão cenas perfeitas para serem lembradas, mesmo quando essa raiva lacerante vem e atormenta. Essa raiva de nunca sabe com quanta clareza disse alguma coisa, e que mesmo assim não será entendida...Não se pode mostrar um mínimo de afeto a alguém? Sinto, mas essa regra que parece-me imposta subjuga qualquer princípio de humanidade que por meus pais foram passados. Carinho de forma alguma significa paixão, ou qualquer coisa nesse sentido.Minha raiva, que chega a arranhar nesse exato momento, é de todas as palavras que não podem ser ditas nem por decreto nesse mundo, onde me encontro prisioneira. Qualquer daquelas podem ser encaradas como uma ofensa, ou um atrevimento qualquer.Sei que aquela cama agora tem meu cheiro, e talvez se eu estivesse nela agora nada seria tão doce quanto o que ficou, nem amargo... Talvez simplesmente fosse inodoro assim como tudo que ignoro agora. Talvez ficasse nos lençois as marcas fixas de minhas unhas, um reflexo do meu corpo tentando tirar todas essas palavras que fariam por bem sair logo, no entanto tudo está preso, mesmo por que não há o menor tempo para isso agora... Eu já saí daquela cama, e por bem não mais voltarei. E todas as palavras que diria agora não são as mesmas que me sufocavam enquanto eu tentava dormir em outros braços que não os meus, e não conseguia. Eu sentia falta da minha cama, e do meu cheiro, por mais que eu tenha chorado, a verdade é essa.Nunca pense que minhas lágrimas são prêmios, e mesmo que fossem, seriam fáceis demais. Não eram por ti, nem por remorso, nem por despedida, todas elas foram pura e simplesmente de medo de voltar pra vida real, onde não existe príncipe, e nem jantares com finais felizes. Eram lágrimas atordoadas, que não sabiam o que aconteceria em seguida, como a vida andaria depois de tantos tropeços, eram ainda de desabafo, por ter me encontrado em algum lugar por aí, junto com meus sorrisos e poemas. Minhas lágrimas tinham todos os motivos que julgo importantes na minha vida, e tinham uma certeza, não eram por ti. Eras um rostinho bonito feito pra fingir de príncipe encantado para meninas do interior, e no final virar o vilão de toda história. Mas a novidade é que a menina soube como lidar, e deixou marcas na sua cama, onde deitaste todas as noites...Eu chorei, e continuo chorando em todas as situações nas quais quero me libertar de algo. Não tenho medo de chorar, e jamais terei. Não tenho medo do drama. Como eu viveria sem um? E não tenho medo de outras camas, nem de outros braços desconfortáveis, nem dos rostos lindos que nada tem a dizer. Não tenho medo dessa raiva engasgada na minha garganta e no meu peito. Eu só tenho medo das palavras...

Um comentário:

Patrícia Nogueira disse...

Oi querida!! td bem?!

nossa... tb to morrendo de saudade! vc nao faz ideia como é estranho sair de Franca, começar uma outra rotina.. parece q a ficha nao caiu ainda!

Que legal que você resolveu deixar de esconder os seus escritos! Acho que é uma decisão meio complicada mesmo..
Mas sabe que depois de ler esse seu texto (especialmente a frase: Nãotenho medo do drama!), eu penso que vc fez uma boa escolha... no fundo, escrever é apenas chorar com palavras!

boa pascoa pra vc e pra toda sua familia tá?!
algum dia eu faço uma visitinha ai pra vcs! beijão!!